quarta-feira, 6 de abril de 2011

Singular do Plural

        A palavra Identidade é definida como o conjunto de características que torna os seres – animados ou inanimados – únicos.   

        No processo de formação das identidades, há uma troca infinita entre o indivíduo e o meio - uma inevitável interação que resulta em aspectos materiais (a forma do habitar) e aspectos imateriais (os valores culturais do habitante).   


        Uma porção de terra com uma porção de gente é sempre um espaço singular, assim como uma casa, uma árvore, ou até mesmo uma pequena pedra. Podemos dizer que cada cidade representa uma sinédoque do planeta, ou um micromundo - mantendo assim o seu próprio funcionamento e as suas próprias influências - por mais sutis que sejam.

    Algumas cidades porém, apesar de possuírem características próprias, obedecem um certo padrão de desenvolvimento morfológico, que é justificado por fatores sócio-históricos, econômicos, legislativos e culturais.

Vamos entender melhor... 
 
    As cidades do centro-oeste paulista, por exemplo, se assemelham em diversos aspectos, começando pela configuração geográfica, cujo relevo plano ou levemente ondulado geralmente é cortado por rios.    
    A expansão cafeeira, na metade do século XIX, também foi um determinante crucial para o desenho da paisagem urbana: impulsionou o crescimento estratégico ao longo das linhas férreas que desbravavam o interior e deu origem, inclusive, a novos municípios que necessitavam de infra-estrutura para abrigar uma estação.

    Com o passar dos anos, entra em cena a especulação imobiliária que deixou nas cidades uma horizontalidade somada a pontuais verticalizações (principalmente nas regiões centrais), além disso, organizou suas periferias de modo arbitrário, muitas vezes com ajuda da Legislação Municipal de Loteamento e Uso do Solo ou de um plano diretor pronto - expulsando a classe baixa para zonas afastadas e refletindo os interesses dos incorporadores e dos grandes proprietários.

Aliás,

    A homogeneidade da paisagem urbana é um fenômeno que atinge as cidades do mundo inteiro na medida em que as sociedades passam a valorizar a presença de elementos ligados a grandes centros de poder. A cultura de massa, nesse ponto, permitiu uma generalização de diversos elementos urbanos, estereotipando construções, distribuições e soluções no cenário da cidade, como podemos observar em alguns modelos comuns de praças, avenidas, monumentos e edificações.

E, afinal de contas, a identidade das nossas cidades está comprometida?

      Acreditamos que a suposta falta de identidade seja também uma identidade, por que não?
Nós, agentes, construtores diretos e indiretos da cidade, temos diversos padrões herdados da cultura e daquilo que está na mídia, mas nem por isso deixamos de lado a nossa essência. 
    A essência de uma cidade provavelmente está nos espaços informais - feiras, reuniões na calçada, brincadeiras de rua, festas de república, pistas de skate pelos cantos - tudo aquilo que não foi previsto ou determinado pelas papeladas e pelos detentores do poder (incluindo, nós, arquitetos, às vezes autoritários, sem ao menos perceber).


Buscar o Interior sem estereótipos percebendo suas multidentidades é o nosso grande desafio! Vem pro ENEA Bauru!


The Sandpit from Sam O'Hare on Vimeo.

Texto por: Estela Novaes e Leandro Fontana
Dados históricos pesquisados aqui.

4 comentários:

ó meu deusx / Fê-M (@soaresfs) disse...

Nesse mundo de cidades supostamente sem identidade acredito encontra-la nas pessoas do lugar, nas suas expressões e ações do cotidiano que criam uma identidade de uma coletividade concentrada que só as cidades proporcionam. Descubram o interior dessas pessoas, descubram o seu interior sem medo e sem esteriótipos.

mariliahildebrand disse...

Falou e disse!

Anônimo disse...

Muito bem galera!
Ótimo texto e conteúdo bem colocado,
Parabéns!
Beijo da Bági

samuel disse...

porra!...esse ta loko ein!!...parabens ai!

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