sábado, 14 de maio de 2011

Patrimônio Industrial


Depois que os Barracões da NOB (Oficinas da Noroeste do Brasil) foram, por questões de segurança, negados como Cidade ENEA, ficou clara à CMG a importância de preservar edifícios histórico-culturais. 
Partindo dessa preocupação, a Diretoria de Atividades buscou uma discussão sobre como o tema poderia ser abordado dentro do ENEA e, para isso, convidou o Prof. Dr. Nilson Ghirardello a fim de expor alguns pontos relacionados ao abandono de Patrimônios Industriais, sobretudo no caso de Bauru.
Veja aqui a entrevista na íntegra.
Fachada de um dos barracões da NOB, por Marília Hildebrand.
A CMG pergunta: Como você avalia a situação do Patrimônio Histórico brasileiro e as políticas públicas que envolvem a sua conservação? 
O Professor conta um pouco sobre o histórico da preservação patrimonial no Brasil e diz que o Patrimônio Industrial só está recebendo olhos interessados recentemente. “Ainda assim, o Brasil não tem muitos exemplares significativos, e muitos outros já se perderam (...) Perderam-se por falta de conscientização, pela falta de consideração com a história dessas edificações.” 
Ele ainda cita o SESC Pompéia como o primeiro edifício recuperado do país.

Barracões do SESC Pompéia, por Luciano Bernardes.
“Em um panorama geral, o Brasil é muito ruim em questão de patrimônios históricos.  
O Estado precisaria assumir maiores responsabilidades, ser mais efetivo.” conclui.


 

Quanto a Bauru...

Bauru começou com um povoado, por volta de 1880, tornando-se município a paritr de 1896.

Em 1905 a linha de ferro Sorocabana se instala na cidade e, logo em seguida, em 1906, a Noroeste também o faz. A intenção era ligar o Mato Grosso com são Paulo – existia uma estratégia política de fazer a ferrovia chegar até o Pacífico! Passa-se a construir uma ferrovia grandiosa sobre a mata. Com isso, novos operários vêm para Bauru.

Em 1910 a Alta Paulista também vem para cá. Isso se deu apenas porque já havia outras duas ferrovias, destacando a cidade como pólo importante. Muitos municípios se formam a partir desse importantíssimo entroncamento, e todas elas dependiam de Bauru.

Em 1917 já é péssima a situação da Noroeste. Era uma empresa privada, e logo é encampada pelo governo do Estado. Na tentativa de reconstrução e investimentos, a sede da ferrovia, que era na cidade do Rio de Janeiro, sofre uma mudança e vai parar em Bauru. Tal vinda foi chamada de “anos ricos” – época em que o alto nível da sociedade chega na cidade em grande quantidade.

1921 – a construção das oficinas é iniciada. Tudo acontecia por aqui: fundição, marcenaria, carpintaria, elétrica, montagem.

"Os galpões são hoje a testemunha concreta da importância que a ferrovia teve na cidade."
"O processo de tombamento pelo CONDEPHAAT iniciou-se há dez anos, e ainda não foi finalizado. Falta que o IPHAN tome conhecimento. Falta o reconhecimento de importância nacional.”


A CMG pergunta: Como o ensino teria que se relacionar com a temática do patrimônio histórico, visto que este ainda é um tema ausente nos cursos de arquitetura?

"Trabalhos com projetos de preservação no curso é importante para que o estudante se muna de informações. (...) A arquitetura deve trabalhar com a lei: verificar as possibilidades particulares de cada edificação. Nos projetos em que se muda o uso, geralmente são destinados para espaços de museus ou cultura. Tal uso cultural deve ser bem avaliado, pois por vezes, tal uso morre por si próprio, por falta de uso cotidiano. É necessário algo em que as pessoas possam participar mais ativamente, como exemplo, o Mercadão em SP. O seu uso é o que o mantém. (...) Mesmo que sem o tombamento, todos deviam considerar sua importância e preservação, e colaborar para isso. Cabe ao arquiteto ter o conhecimento a respeito do assunto."

Mercadão Municipal de São Paulo. Fachada, por Alberto Massao. Interior, por Evandro Arruda. Pessoas, por Amanda Vivian.



















 








A Diretoria de Atividades vai trabalhar para que a
proposta do Concurso Nacional de Idéias seja o projeto de recuperação dos
barracões das oficinas abandonadas
,

e assim divulgar tal preocupação para os participantes, além de avaliar a contribuição que os arquitetos urbanistas podem trazer para áreas como essas.

2 comentários:

Baldinho disse...

Muito bom! :) boa discussão, bom assunto. Parabéns.

aminháminas disse...

boa!

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